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Quando os funerais eram bem comemorados

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Antigamente os funerais eram bem comemorados. Tinha parente que só aparecia quando tinha velório. Certo dia um locutor da rádio ao ler o convite para enterro convidou toda a cidade para as “comemorações” e por pouco não revelou o menu. Sim, o menu porque dia de velório misturava dor, sentimentos e comilança.

Quando alguma pessoa idosa estava por morrer, já desenganado pelo médico que geralmente estipulava uma “data de partida”, se iniciava na casa um verdadeiro ritual de preparação de doces e salgados para receber as visitas.

Carneava-se porco, galinha ou se o morto era bem popular, que reuniria boa parte da cidade, sacrificava-se uma rês. Também tinha velório humilde que distribuía bolachinhas, que ficavam por meses guardadas em latas, e eram servidas com chá, mate, leite e café preto.

Outros se resumiam numa pastelaria, como foi o caso do seu Mano, que era o diminutivo de Manoel. No leito da morte, sentiu um cheiro de fritura que vinha da cozinha e chamou a neta para saber o que estavam preparando. Ao saber que era pastel, pediu para que a neta trouxesse um para ele, mas ouviu da voz inocente da menina:

– A vó disse que os pasteis são pro velório!

Quando o seu Vito, fazendeiro famoso e de bom coração estava por morrer, logo toda a parentaia foi avisada. No dia seguinte começaram a chegar os convidados e nada dele partir. Passaram-se três longos dias até que o seu Vito se entregou. Uma verdadeira quermesse.

Os funerais eram locais de encontros de familiares e movimentavam as comunidades. Os adultos se revezavam em confortar os de casa, recordavam bons e maus momentos da vida do falecido. Não era tão raro assim ouvir gargalhadas quando o assunto era o lado engraçado de quem partia. Às crianças cabia espantar as moscas que rondavam o caixão.

Hoje a tradição ficou de lado, a falta de tempo, a facilidade de se deslocar, as redes sociais oferecem online o desenrolar da cerimonia e pelo fato dos velórios não serem mais em casa, tornaram sem graça o último adeus.

 


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